sexta-feira, julho 30, 2004

Linhas cruzadas

A tua cara não me é estranha...
mas tu és.

Dúvida retórica 1000-e-vinte-e-três

Por que é que nas férias os afectos são tão estéticos e tão pouco estáticos?

A 5 minutos do fim

...da utilização de um computador amputado, lento e pago ao minuto, o anúncio é óbvio: o bronze instala-se e a vídeo-conferência não é uma boa ideia no país real.

quarta-feira, julho 21, 2004

Aviso

Se por acaso vem à procura de novidade, é só para dizer que o Bolas de Berlim está a cumprir a ideia visionária do nosso Primeiro-Ministro, transportando todo o seu governo para parte incerta do país. Ao contrário do previsto, não haverá video-conferência até haver um nível aceitável de bronze.

A Ministra das Relações Públicas

segunda-feira, julho 19, 2004

Definições

O que é a saúde para um pessimista:
é aquele estado transitório que não augura nada de bom...

domingo, julho 18, 2004

Valia a pena pensar nisto...

Vasco Pulido Valente no seu melhor...
 
"O que é isto?
Depois do jurássico (Barreto e Bagão), chegaram finalmente as novas (?) gerações do «santanismo», que pretendem pastorear o País. Ficou tudo espantado. O que era aquilo? Qual era o nexo? O propósito? A ideia? Ninguém sabe explicar. Muda a «orgânica» do Governo, o que significa meses sem fim de querelas de competência, de orçamento, de personalidades. Não se vai encontrar um papel, um plano, um responsável. A intriga vai ferver. E, ainda por cima, cinco ou seis ministros entram em estado de inocência na trapalhada endémica a que se convencionou chamar, por eufemismo, administração pública. E porquê esta ginástica essencialmente frívola? Por causa de negociações que o primeiro-ministro garante que não houve? Apareceram amigos com «direitos»? Ou, simplesmente, o favor, como o amor, com o favor se paga? O recrutamento também não se percebe: dois chefes de polícia (Fernando Negrão, Daniel Sanches), com certeza um caso único na Europa; duas senhoras sem espécie de experiência política conhecida (Carmo Seabra e Maria João Bustorff); e a direcção do CDS em peso (Portas, Nobre Guedes, Telmo Correia), talvez para fingir que o partido existe. Pior que o recrutamento, só o grande mistério da distribuição: Nobre Guedes no Ambiente? Telmo Correia no Turismo? Negrão na Segurança Social? Vale a pena continuar? O último Governo que deu este sentimento de uma caranguejola fabricada à pressa e ao acaso foi o V Governo de Vasco Gonçalves. A coisa, que podia ser cómica, não tem graça. Metade dos ministros nem sequer imagina no que se está a meter. Não representa uma política e não inspira respeito. Com um dia de vida, o Governo já precisa de uma remodelação e o primeiro-ministro já perdeu o benefício da dúvida. Mas quem paga, é bom lembrar, somos sempre nós."



De um exame de português

Pergunta num exame de português, há uns anos:
"Que sentimento deixa a tragédia?"
Resposta na altura:
"O vazio."
Resposta hoje:
"A desolação de dois anos de governo Santana Lopes."

sábado, julho 17, 2004

Sim, e...

Já temos os nomes do XVI Governo.
Agora queremos saber o resto.
E para a tomada de posse, confirma-se a Kapital?

sexta-feira, julho 16, 2004

Higiene

Logo pela manhã, bem cedo e com café, dar uma volta pela blogosfera, onde está tudo a dormir.

Uma história muito triste

Era uma vez no Verão passado uma saia muito gira que já não me serve...
 

quinta-feira, julho 15, 2004

Descubra as diferenças

Quando fazemos uma mala:
1º) do universo total do armário escolhemos 15 a 20 cabides e 2 a 3 gavetas, segundo critérios de absoluta necessidade e de adequação ao destino;
2º) em face das 7 pilhas de roupa dobrada e de acessórios empacotados, somos obrigados a fazer uma decisão drástica, porque só podemos levar uma mala até 20 kg de peso;
3º) reduzimos assim substancialmente o leque de possibilidades no destino;
4º) depois de horas de absoluta angústia, sentamo-nos sobre a mala e esperamos que feche;
5º) já no aeroporto, fazemos figas para que o conteúdo se adeque ao destino;
6º) no destino, descobrimos que nos esquecemos de uma coisa essencial e que temos uma vontade inexplicável de usar tudo o que decidimos não pôr na mala;
7º) perante o desespero, vamos às compras.

Quando temos eleições legislativas:
1º) do universo total de partidos políticos disponíveis, escolhemos 2 ou 3, segundo critérios de absoluta necessidade e de adequação à missão;
2º) em face das possibilidades, somos forçados a tomar uma decisão drástica, por causa das limitações do boletim de voto (só um quadradinho disponível);
3º) reduzimos substancialmente o leque de possibilidades;
4º) protagonizamos discussões acesas com os nossos melhores amigos e forçamos os argumentos para procurar justificar a nossa decisão;
5º) já na escola do bairro, empunhando o cartão de eleitor, asseveramos a nossa decisão, fazendo uma cruz sobre o partido escolhido;
6º) uns tempos mais tarde, descobrimos que afinal, apesar de termos aceite os resultados eleitorais como bons democratas que somos, nos apetece ver no governo e na assembleia todos aqueles que lá não estão, segundo a lógica do tudo menos isto;
7º) perante o desespero, vamos às compras.

Mais um...

Todos os dias são inúmeros os erros ortográficos na imprensa diária...eu já nem me ralo, afinal temos uma Edite Estrela para quê? Mas hoje, o DN, tal como ontem, volta a baptizar o país onde resido com um acento que deve ter ido buscar a uma tia, de certeza... É que aqui, não é a Àlemanha, mas a Alemanha. A não ser que a Europa já seja a 26 e ninguém me tenha dito nada...

"Eu já tenho a escola toda!"

«Sou um simples cidadão europeu que se apresenta perante vós.» Foi assim que Durão Barroso se apresentou ontem, em Bruxelas, aos eurodeputados socialistas

Agustina e Fátima

"Portugal, ainda que pouco sensível à inovação, conheceu uma época que se definia como dinâmica. Foi o tempo que se relacionou com o surrealismo e os manifestos contra o academismo. Mas isso não passava de «rapaziadas» face ao espírito da época, que era favorável a uma estabilidade de princípios indispensável para o crescimento económico. A grande inovação portuguesa foi o milagre de Fátima. Fazer dum povo gerido pela sua crendice secular, um povo sentimental e que se comovia com o milagre era de facto um prodígio de inovação."

Agustina Bessa-Luis, A Alma dos Ricos

Mais uma esperança...

Aliados de Berlusconi Votam com a Oposição

Uma questão de lateralidade

Normalmente, as crianças com 4 ou 5 anos definem a sua lateralidade.
O nosso governo-em-vias-de ainda não...quer fazer o pleno: da esquerda à direita. É como os tiros que dá: sem objectivo muito definido, invariavelmente atingem o pé.

Recado

Homónima:
Brilhante: diamante que tem plana a parte superior, facetados os lados e a parte inferior.

quarta-feira, julho 14, 2004

O estado da nação [ou dos estados gerais pessonianos]

Acerca da nega de Vitorino, lembrei-me disto. Para hoje, serve na perfeição.
Como é que o outro dizia? Só quando Jesus Cristo descer à terra é que...???

"Liberdade

[...]

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca..."

Fernando Pessoa

Acreditar e querer acreditar [ou do rei vai nu]

Uma história de violência anti-semita abalava a França. Os franceses como sempre reagiram em massa: manifestações, exigências de pedidos de desculpa, apelos à tolerância, ... A sociedade francesa questionava-se profundamente, em face de acontecimentos que expunham, mais uma vez, problemas sociais de integração gravíssimos. Problemas, aliás, reais.
A montanha pariu um rato.
Hoje, os jornais afirmam que tudo não passou de uma mentira, uma mentira bem construída. Sobretudo, uma mentira verosímil. A vítima, curiosamente, é tomada por judia, que diz não ser. Os carrascos, em número de seis, são todos indubitavelmente referidos como "negros, muçulmanos, magrebinos". Ninguém questionou. Era possível, provável, até normal...hoje em dia, são "sempre eles".
Em grande embaraço, estão aqueles que, agora, em face disto, terão que fazer dentro de si uma espécie de auto-análise no divã: por que razão acreditei? Essa questão pode pôr a nú o essencial: que se quis acreditar. Às vezes, é mais fácil.
Depois, espera-se o habitual "o rei vai nu" em público.

A caixa de Pandora

A Alemanha está em alvoroço: foi ontem preso, em Paris, um antigo secretário de estado da Defesa, Pfahls, que andava desaparecido há cerca de 5 anos. É acusado de, com Strauss, antigo ministro da Baviera, também democrata-cristão, também desaparecido, ter participado num negócio de armas com a Arábia Saudita, em plena Guerra do Golfo, de que ambos recolheram largos dividendos.
Este país tem esta coisa de parecer andar sempre a abrir caixas de Pandora relativamente ao seu passado...Pfahls está envolvido num dos grandes escândalos que abalou a CDU (os democratas-cristãos), quando estes eram dirigidos por Helmut Kohl. E a reabertura do processo contra Kohl, que viu um fim precipitado com uma lei de tipo "berlusconiano" que o ilibou, pode vir mesmo a acontecer. Se assim for, talvez se venha a saber finalmente quem foi o responsável pela evaporação de milhões de marcos dos cofres da CDU.
Ou talvez não.

terça-feira, julho 13, 2004

Um caso de sucesso [ou do país dos gestores]

Somos definitivamente um país de gestores, senão vejamos: temos o Governo ainda em gestão, temos a oposição em gestão. Ou será em gestação?

O convite já chegou

Graças à minha brilhante homónima, o convite já chegou.


Bora lá?
Deve ser bar aberto de certeza...

Vira o disco e toca...o quê? [ou adiante e troca o par!]

Tema 1
Votou-se Sampaio à esquerda, saiu Sampaio ao lado.
Tema 2
Votou-se Durão nas legislativas, saiu Santana no Governo.
Tema 3
Votou-se Santana para a Câmara, saiu Carmona Rodrigues, que foi ali ao Governo e já veio.
Tema 4
O CDS/PP que era anti-europeu já tem família europeia.
Tema 5
O PS ganhou estrondosamente as europeias, mas perdeu o líder pelo caminho.



50 anos

Gosto mais da Frida ferida, do que da Frida pintora. Naquele sentido em que uma vida é mais do que uma mulher de bigode.

Mais boas notícias [ou há uma esperança...]

Guerra Aberta em Itália Entre Berlusconi e o Líder dos Democratas-cristãos

segunda-feira, julho 12, 2004

E agora, para boas notícias...

Este ano, completa-se um projecto chamado "Percursos", que foi lançado pelo CCB, em particular por dois programadores chamados Madalena Victorino e Giacomo Scalisi, em 2002. A ideia era levar o CCB, essa estrutura gigantesca, monolítica, que oferece em geral programação à capital até outros sítios do país. Por outro lado, os dois programadores resolveram inverter papéis: assim, em vez de se limitarem a adquirir espectáculos já feitos, propuseram aos artistas que fossem desenvolver ideias para Portugal, em especial, para Lisboa, Viseu, Coimbra e Évora.
O que daí resultou foi muito especial. No ano passado, de Maio a Outubro, cada uma das cidades mencionadas contou com um Festival Percursos, onde durante uma semana e a preços acessíveis, se mostraram os resultados desses encontros: encontros entre as cidades e os artistas, mas também encontros entre todas as pessoas ligadas aos Percursos, artistas e públicos.
O objectivo era também claro: criar parcerias, lançar pontes, estabelecer diálogos, que pudessem, no futuro, abrir as cidades ao exterior, e contaminar esse "exterior" com o espírito das cidades. Nasceram amizades, conflitos, ideias, amores, parcerias, contágios. Assim, o projecto continuou ao longo deste ano. Desta feita, o projecto tem-se tecido devagarinho, nas comunidades artísticas destas cidades, nas quais algumas companhias fazem as suas criações, tendo-se literalmente mudado para lá. Estabelecem laços com esses lugares, são interpelados por públicos novos, estimulados por uma curiosidade de quem aí vive e quer saber do "estrangeiro" que de repente lhe ocupa a vida.
O projecto pretende construir a solidez de intercâmbios que, por si próprios, possam continuar no futuro. Isto, sim, é ter uma noção do país...que há públicos sequiosos de ver, de ouvir, de se encantar, nas cidades onde não moramos e que visitamos, mais por obrigação do que outra coisa, de vez em quando, sobretudo com bom tempo... Essas cidades podem e devem ter a possibilidade de no futuro constituir uma oferta cultural estimulante, que alguém de Lisboa faça centenas de Km para ir ver a Viseu, por exemplo. Ou, porque não, de Évora a Coimbra?
Tudo isto para explicar um projecto por que me apaixonei, tarde, mas ainda a tempo. É que os Percursos se estendem até ao final deste ano. E, em Outubro, ameaçam transformar o país num "monstro de quatro corações", para usar as palavras do Giacomo Scalisi, o que quer dizer, organizar em duas semanas um festival à escala nacional, em que estas quatro cidades, Lisboa, Évora, Coimbra e Viseu, se tornarão pólos de uma viagem inesquecível.
É entre 9 e 24 de Outubro que tudo se vai passar. Só que, ao contrário do ano passado, não são os artistas que vão ao encontro do público, é o público que vai atrás dos artistas! E por isso, estão organizadas viagens entre estas cidades, a um preço imbatível (20 €), para nos levar a descobrir o país noutra perspectiva. As viagens em si mesmas constituirão parte deste grande festival, mas isso é uma surpresa...
Falo nisto agora porque hoje mesmo começaram a ser vendidos os bilhetes para os Percursos de Outubro, no CCB.
Os Programas estão aqui.
Vemo-nos por lá?



Ein Populist als Premier

Este é o título do artigo dedicado à análise da situação política portuguesa, pelo Spiegel. O artigo realça o epíteto de "populista" por diversas vezes, terminando com o cognome internacional de Lopes: o Berlusconi português. Prestigiante, não é?
Depois, fala-se de Sampaio como tendo decidido contra a maioria expressa no Conselho de Estado. E diz-se que lançou uma ameaça velada ao novo Governo, através do controlo que poderá exercer sobre as políticas apresentadas. O que o Spiegel não sabe é que o nosso sistema não o permite...
Aqui também Ferro Rodrigues é destacado, por ter tomado a decisão do Presidente como uma derrota política e pessoal, tendo-se demitido.
E pronto. Cá estamos nós, de novo, vistos de fora.

"Portugiesischer Berlusconi"

Quem o diz é o Sueddeutsche Zeitung, um dos melhores jornais alemães. Vindo de onde vem, de Munique, terra de conservadores e de gente de direita, muito de direita, o apelido "populista" vale bastante. O comentário acerca da situação não deixa de comprometer Sampaio, realçando que a opinião pública era favorável à realização de eleições, que a oposição em bloco está contra este novo governo e que destaca o perigo para a democracia que ele encerra. Referem-se ainda a demissão de Ferro Rodrigues em face da decisão de um Presidente teoricamente de esquerda, a desastrada condução do processo de afastamento de Durão Barroso e, para terminar, diz-se que o cúmulo da tristeza atingiu o país com a morte de Maria de Lurdes Pintasilgo.
Isto por quem nos vê de fora.
Elucidativo, hein?

Paradoxos #6

Que seja justamente a Alemanha a meter água, com chuva diária e inundações.

Sugestões Políticas V [ou de quem sai aos seus não é de Genebra]

Já agora, acho que Sampaio devia aproveitar a boleia: a Presidência da República para o Pulo do Lobo, já!

Sugestões Políticas IV [ou de cada cavadela cada minhoca]

O Ministério da Defesa, claro, na Base das Lajes, nos Açores...

Sugestões Políticas III [ou de cada tiro cada melro]

E que tal o Ministério das Finanças em Boliqueime?

Sugestões Políticas II [ou dos tiros no pé]

Santana anunciou: quer espalhar ministérios por esse país fora. Eu tenho uma sugestão:
que tal Olivença para o Ministério dos Negócios Estrangeiros?

Sugestões Políticas I

Que os Conselhos de Ministros passem a fazer-se na 24 de Julho,
às quintas-feiras a partir das 23:00,
entre a Kapital
e o Kremlin.

Vou ali...e já venho

Pelas melhores razões,
porque esplanar é o que está a dar,
porque este senhores são do melhor que há,
vou ali...
e já venho...

sábado, julho 10, 2004

E nós por cá...

...temos o Xu-Bing.

Agente Infiltrado?

Jorge Sampaio só pode ser um agente infiltrado.
É que no PS, os de esquerda, sempre pelas mais nobres razões e da forma mais digna, demitem-se pelo caminho.
Para ter chegado onde chegou...

Espera aí...

Se este era o Presidente de todos os portugueses
e se eu sou portuguesa,
porque é que ele decidiu sem me consultar?

Até loguinho, que é mais doce...

E como diria uma pessoa que eu cá conheço,
o Presidente lá decidiu,
"a tremer de coragem..."

sexta-feira, julho 09, 2004

Movimento de terras

Imaginar o meu espanto perante a previsão do estado do tempo na Europa, de acordo com o Spiegel...bem sei que a revista tem andado perto do tom histérico que se conhece na imprensa do género, mas...mesmo assim, o Spiegel com tamanho desleixo é para mim impensável!

Memórias do Manuel Germano [ou Hipérboles II]

Segundo Prado Coelho recordando Mário de Carvalho, "Não se deve confundir o género humano com o Manuel Germano." E isto a propósito de???

Hipérboles I

Por favor,
não confundir as obras-primas do mestre com as primas do mestre de obras.

quinta-feira, julho 08, 2004

A Infância de Parménides

"Por perguntar, porquê a existência
Em vez do nada?
O professor manda o pequeno rufia
Ao gabinete do Reitor.

Infelizmente, ainda não têm nenhum.
Só há o Rei Minos e o seu labirinto,
E ainda Philemon, que está quase a morrer de riso
Ao ver um burro comer figos."

Charles Simic
(Tradução de José Alberto Oliveira)

Enquanto

Enquanto aí se praticam épochés fenomenológicas à vida política e se acendem os rastilhos rasteiros das análises da derrota futebolística, aqui chove de tal maneira que o sudeste do país em vez de garagens passou a ter lençóis freáticos. Ao menos que se metesse água no país certo...

Bernd Pfarr e os males contemporâneos


O Quinto Cavaleiro, "Hohe Handykosten" [Custos elevados de telemóvel]

Bernd Pfarr e Colombo


Firts Columbus discovered America, then he discovered Luigi...

Bernd Pfarr

Ontem, morreu o mais subtilmente hilariante cartoonista alemão. Responsável pela figura de Sondermann, um contabilista desinteressante, cuja vida é marcada de cenas surreais, Bernd Pfarr criou em seu redor um universo de criaturas que se prestam à gargalhada, como é o caso de Schulz, um apaixonado do TNT, ou que se prestam a desmontar velhos preconceitos raciais, como é o caso do "Negerschrubben", à letra "esfrega negro", que é elevado à categoria de desporto olímpico...
Sem referências políticas directas, com um estilo muito variável, e com personagens que ultrapassam os limites da imaginação, Bernd Pfarr marca profundamente uma maneira de pensar e de rir.


With considerable presence of mind,
God had shot a photograph of the Big Bang,
which he still deemed fairly impressive.

quarta-feira, julho 07, 2004

Perigos




LIAISONS DANGEREUSES
LETTRE XXXIII
LA MARQUISE DE MERTEUIL AU VICOMTE DE VALMONT

[...]je sais assez, quoi qu'on en dise, qu'une occasion manquée se retrouve, tandis qu'on ne revient jamais d'une démarche précipitée.

Do avesso

Queria saber como estás,
mas assim do lado de dentro...

terça-feira, julho 06, 2004


À sombra...


Chancelaria IV


Da autoria dos arquitectos berlinenses Axel Schulte e Charlotte Frank


Chancelaria

Inveja

Entre as cidades, sobretudo as maiores e as mais antigas de um país, há sempre inveja. Sabemos como é entre Lisboa e Porto, por exemplo. O que é um perfeito disparate, acho eu. É que o Porto tem o Douro e Lisboa tem o Tejo, só para dar um exemplo. Ou seja, são à partida tão diferentes, que é impossível compará-las.
Na Bélgica, por exemplo, rivalizam as pequenas cidades flamengas com as da Valónia, sendo que Bruxelas é uma carta fora do baralho, por ser tão incaracterística...mesmo assim, quando lhes dá para isso, lá vai de compará-la com Antuérpia, o que não pode ser mais estranho, porque Antuérpia é a típica cidade portuária...
Na Holanda, para continuar nos exemplos nórdicos, senti uma enorme tensão entre Amsterdão e Roterdão. Quando visitei Roterdão, fiquei com uma impressão tão diferente da que tenho de Amsterdão, que não percebi como mediam forças...Mas aí sucediam-se experiências arquitectónicas que pretendiam mostrar ao mundo como Roterdão era a cidade do futuro, enquanto Amsterdão continuava a passear de barco pelos canais.
Na Alemanha, pela extensão e pelo sistema político, a rivalidade esgrime-se em toda a linha. Desde logo, entre o ocidente e o oriente, os "westies" e os "ossis", carinhosamente apelidados assim desde a integração política - a social, essa, leva mais tempo... Os preconceitos são de parte a parte: que os alemães ocidentais só pensam no dinheiro, são incultos e todos de direita, que os do antigo leste são atrasados, incapazes, pobres e desinteressantes. Uma espécie de Munique contra Berlim Leste...
Depois, há a disputa entre as cidades que querem ser chamadas de "culturais": a eterna Köln endinheirada e arrojada, no leste a Dresden em dificuldades, à procura de um passado que construa o futuro. E Berlim, claro, gozando do seu estatuto dúplice, gozando da sua geografia mágica, sobre ambas, como estrela.
É esta hibridez da cidade que constrói amores e ódios: se Berlim é uma cidade em construção e reconstrução, se ela tem acolhido e continuará a acolher artistas de toda a espécie, é porque o país o suportou durante anos e anos. A factura de uma partilha CDU e SPD na cidade ninguém a quer pagar. Há 20 anos, como há 10, ninguém imaginou que o país se recusasse a quotizar para Berlim. O resultado é uma falência técnica de tal ordem devastadora, que as negociações sindicais da função pública, por exemplo, se fazem à parte das negociações dos restantes estados. Aqui, houve este ano um corte salarial de 12%. A escolha era entre isso e o despedimento colectivo. Aqui, não se ouviu um ai...porque aqui ao menos brilha o que ainda está por pagar...

Catedral sem vista


Depois do meu elogio, nada poupado, à cidade de Dresden e ao processo da sua recuperação, eis que hoje nos chegam ecos da preocupação com a Catedral de Köln. Parece que a cidade tem programada a construção de várias enormes torres do outro lado do rio. Segundo a Unesco, isso poria em causa a classificação de património mundial de que goza a catedral, o único monumento da cidade a ser poupado na II Guerra.
Está assim afixado o princípio de protecção: nada de vista para a catedral, senão fica a catedral sem vista.

segunda-feira, julho 05, 2004


Vista de Dresden (ainda a Frauenkirche)


Vista de Dresden (Frauenkirche)

Dresden

Viajar com os olhos, como um desenhador com um lápis, pelas cúpulas e pelas ruas e pelas margens do Elba. Dresden é a cidade do tempo: por ela passa o rio tranquilamente, recortando-lhe as pontes e os jardins, inspirando os terraços verdejantes de tardes de Verão. Dresden é a cidade onde tudo se diz com o imperfeito, para se falar daquela noite, daquelas horas, que em 1945 destruíram séculos de raízes. "Havia aqui", ou "era assim", entoam-se frequentemente para dar conta dessa "outra" Dresden que permanece. Nos arquivos do coração, há uma linha de céu que nunca foi bombardeada. Há uma linha de céu que permaneceu, estóica, à destruição. Que se alimentou dessa saudade e se reconverteu hoje no orgulho de voltar a ser.
Dresden cresceu muito, cresceu mal, entortada por um regime socialista que preferiu deixar algumas pedras como acusação ao ocidente, mas não se compadeceu de todas as outras, para sobre elas erguer a sua propaganda habitacional. E como emblema de acusação, ficaram as ruínas da Frauenkirche, que suportou os bombardeamentos e só colapsou no dia seguinte, como quem apenas sucumbisse perante a desolação.
Depois da queda do muro, depois da reunificação, Dresden reinventou-se, talvez pela terceira vez. A Frauenkirche, graças a um esforço colectivo organizado em torno de uma Fundação, foi reconstruída. Na semana que passou, foi colocada a cruz no seu topo. Por sinal, ela foi oferecida por um descendente de um dos pilotos ingleses que bombardeou a cidade em 45...Mas há mais: a colecção de edifícios socialistas que se encontram no centro histórico tem vindo a desaparecer. Já alguns foram demolidos. Será a vez da Polícia este ano, que tem as instalações junto ao castelo.
Independentemente das discussões, que são muitas, sobre a reconstrução da cidade como ela um dia existiu, "wie es einmal war", Dresden transformou-se no lugar emblemático da conversa com os estratos do tempo. Como a fachada da Frauenkirche, refeita com as pedras que se mantiveram intactas no meio dos escombros e com pedras novas, ainda brancas, uma cúpula de cobre que ainda brilha e uma cruz que significa o que parece impossível: que se pode mudar o passado através do perdão.

Espaços em branco

A Agustina fala do perigo dos "espaços em branco". A Filosofia reinventou-se nas fissuras dos sistemas. Há uma ausência que se instala e abre o abismo. Sinto um desconforto de alma perante esta morte. Penso que sem a Sophia só nos restam "planícies e planícies de silêncio".

Sophia

"Sophia" é uma palavra tão luminosa como todas as maçãs
vermelhas em quartos brancos
frente ao mar

sexta-feira, julho 02, 2004

Compreender isto

Começámos por enterrar os mortos, dizem alguns antropólogos. Fizemos-lhes moradas. Escondemo-los longe do nosso olhar. Pusemo-nos a salvo da contaminação.
Nalguns casos, engolimo-los. Incorporámo-los, para que continuassem a existir. Devolvemo-los à natureza, em cinzas, ou em flores. Pusemos-lhes uma data. Uma data final. Assinalámos o dia. E pensámos que com isso resolvíamos todo o problema da finitude...

Temos duas mãos. E duas mãos chegam. Temos duas pernas, e elas chegam. Dois olhos e um monte de tralhas ópticas que nos chegam para ver o que não vemos. Temos um corpo que se move, mais uma parafernália de máquinas de voo ao nosso alcance. Temos uma mente que pensa, mais toda a traquitana da cultura.

Mas o desejo quer tudo. E o mundo.
Um morto é mais perigoso que um vivo. Porque no-lo recorda.
Haverá tempo que chegue para compreender isto?

Marco Geodésico

Ainda hoje, estarei lá.

quinta-feira, julho 01, 2004

Bóia de Salvação

Ontem, a Holanda perdeu no futebol. Hoje assumiu a presidência rotativa da UE.
Há umas semanas o PSD perdeu as eleições europeias. O seu líder assume a presidência da comissão europeia.
Começo a achar que a UE se transformou no clube dos que não têm mais para onde se virar...

Em vão...

As mulheres-polícia barafustaram que o chapéu que usam lhes dá cabo do penteado. Por isso, o Presidente da Câmara de Berlim decidiu que a partir de Setembro, já não precisam de usar o dito chapéu. Cá para mim, isto é só para inglês ver...é que o calor aperta mesmo é em Julho e Agosto (embora ainda não se veja nada disso, com chuva diária e 18 graus) e depois os penteados delas são de tal modo horrendos, que o melhor é mesmo escondê-los...

Tenho-me esquecido...

Até 15 de Agosto, em Berlim, na Martin Gropius Bau, uma retrospectiva de Cartier Bresson.

Henri Cartier-Bresson – Retrospektive
Ausstellungsort
Martin-Gropius-Bau
Niederkirchnerstr. 7 (Ecke Stresemannstr.)
10963 Berlin
Veranstalter
Berliner Festspiele
Telefon: +49 (0)30 25 48 6-0
Fax: +49 (0)30 25 48 6-107
E-Mail: organisation@gropiusbau.de
Öffnungszeiten
täglich außer Dienstag 10-20 Uhr

Esperanto pela buzina

- Olha, ganhámos.
- Como é que sabes?
- Porque há uns gajos na rua a buzinar.
- Também podem ser os holandeses...
- Ná...esses berram.


Dr. Jay's