Ao cuidado do Arquitecto Maravilha (II)

Caro Arquitecto,
desde logo, grata pela prontidão da sua resposta, que transmiti ao técnico especializado que acabou de abandonar o apartamento, depois de uma vistoria e fotografias "para memória futura". O mesmo esgrimiu alguma resistência aos argumentos do senhor arquitecto, nomeadamente no que diz respeito às entranhas aquosas, vulgo canalizações.
Depois de aturada ponderação dos argumentos apresentados, tenho a esclarecer que:
1. O senhor arquitecto subestima a percentagem de vapor de água contida em movimentos respiratórios resultantes de esforço que, em contacto com paredes frias e em recinto fechado, tendem a condensar. Este é, aliás, um exemplo que podemos verificar em toda a beira-rio lisboeta, em particular na zona junto à Torre de Belém.
2. A incorrecção relativa à designação da parede como "mestra", liberta - e por isso agradeço novamente - os meus instintos assassinos para a selvajaria pneumática. Os efeitos de tal esforço traduzem-se, porém, em libertação de mais vapor de água que, como acima se explica, condensará junto à parede a abater, contribuindo para a eclosão de fauna cada vez mais diversificada.
3. Quanto à gravidade da situação, muito fica desmerecida em comparação com o gel que possa faltar ao senhor Lopes. Se me apodrecer o chão, que apodreça, pois, que isso não é nada em comparação com a presença feminina diminuta em hARD.blog, por exemplo.
4. Finalmente, no que concerne ao VolksPalast, grandes movimentações decorrem neste momento preciso, enquanto analisamos o estado do meu apartamento em Berlim. E sobre a questão da preservação da memória, sugiro ao senhor arquitecto que venha a esta cidade para podermos ter um tête-à-tête cujo grau de realidade seja total, ie, envolva bater com a cabeça nas paredes (mestras e não só).
Atenta, veneranda e obrigada,
de VExa.,
a Bola Berlinense