Um estranho silêncio
Em Portugal, pouco ou nada tenho lido nos jornais acerca do escândalo que assola as contas gregas e que ameaça pôr em risco a seriedade do Pacto de Estabilidade europeu. Ao que tudo indica, e conforme o novo governo grego já assumiu, as contas que os seus predecessores enviaram e que foram validadas pelo Eurostat, não estariam correctas, para ocultar níveis bastante superiores do défice.
Este facto coloca algumas questões pelo menos, senão muita indignação. Se, por um lado, o governo grego reconhece que o executivo anterior cometeu uma fraude desta ordem, sendo o próprio a denunciá-lo nas instâncias europeias, por outro lado, há os restantes governos dos outros países da União que estão empenhados, à custa de sacrifícios sofridos por todos, em respeitar os valores estabelecidos no Pacto de Estabilidade.
Ou seja: o governo grego não pode ser premiado, ou amnistiado por não ser o responsável directo dessa enorme mentira, porque é o país que responde perante a Europa e não os partidos políticos que o governam.
Em última instância, se toda esta história é para terminar em banho maria, então que não se imponha mais o PEC e que se assumam as consequências. É preciso ser-se coerente. E, isso, vimos, não é um sinal europeu, porque quando a França ou a Alemanha assumem que ultrapassaram a fasquia dos 3% do défice, não há quem defenda com frontalidade que isso é um desrespeito do PEC e que tem consequências.
Para cúmulo, o FAZ anunciava ontem, na sua versão online, que também a Itália terá falseado os números, tendo contraído endividamentos que em muito suplantam os limites impostos no PEC. O FAZ falava em valores que podiam significar até mais 1,7% no défice.
Entretanto, em Portugal como noutros países, apertou-se o cinto de tal maneira que houve quem tivesse perdido mesmo as calças... Em nome de quê, se afinal nada disto é para levar a sério?
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