sexta-feira, setembro 10, 2004

prateleiras

"pôr prateleiras na vontade e na acção"
este ser o verso que nos toma de assalto na aula de português, enquanto um tempo quente de maio faz desmaiar a tinta falsa das paredes, que esconde os segredos frescos de um palácio mágico a cair aos bocados
"pôr prateleiras na vontade e na acção"
este ser o silêncio que nos invade em face daquela personagem desconcertante que é uma professora de português, com risadas de gigante e passos liliputianos de quem está prestes a esmagar-nos, com o seu devorador mote indecente é a ignorância
"pôr prateleiras na vontade e na acção"
ser o sabor quente de um beijo surripiado nos intervalos do pensamento, naquele cruzamento sombrio de duas ruas excitantes, por serem próximas de uma biblioteca organizada da letra v à letra a, da vontade à acção, e que se reflecte no espelho da letra s à letra e, ie, sem efeito
"pôr prateleiras na vontade e na acção"
ser um verão a caminho, enquanto agora se desmoronam os apetites vivificantes e se instala o desrigor de um amontoado amorfo de tábuas pelo chão, que hão-de entalhar-me antes de me edificarem
"pôr prateleiras na vontade e na acção"
ser o princípio que deveria mudar a minha vida e ser ao mesmo tempo o sorriso da sua ironia

1 Comments:

Blogger César de Oliveira said...

das duas uma: ou andas a escolher estantes novas porque já não te cabem os livros nas que tens, ou ias na rua e alguém te disse "bela prateleira!" ;)

ok, agora a sério: belo texto.

e foi o comentário possível, curto, surripiado nos intervalos do pensamento. excelente semana para ti.

7:09 da manhã  

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